
Na conferência “Journalism amid the Age of Platformization”, Oscar Westlund abordou a forma como a ascensão das plataformas digitais está a transformar profundamente o jornalismo, alterando os seus modelos de receita, as práticas de produção e a relação com o público. O investigador também destacou que a transição para os ecossistemas móveis, motivada pela tentativa de alcançar audiências mais jovens, trouxe novos desafios para os meios de comunicação, como o longo processo de desenvolvimento e aprovação de aplicações para dispositivos móveis. Este cenário impulsionou o fenómeno da “platformization”, caracterizado pela penetração das plataformas digitais em diversas esferas – económicas, governamentais e infraestruturais – que passaram a influenciar diretamente as operações da indústria dos media.
Westlund realçou que “a produção jornalística está agora condicionada pela lógica das plataformas digitais, que moldam a forma como os conteúdos são criados, distribuídos e consumidos”. Estas plataformas, definidas como infraestruturas programáveis, estruturam interações personalizadas entre utilizadores, recolhendo, processando e monetizando dados. Assim, os algoritmos tornam-se centrais para as estratégias editoriais, levando os criadores de conteúdos a ajustarem-se para maximizar a sua visibilidade.
Como resultado, o jornalismo tornou-se mais vulnerável à manipulação, à desinformação e à perda de confiança do público, devido à associação das plataformas a problemas como fake news, assédio online e à ascensão de meios de comunicação alternativos. Por fim, Westlund sublinhou que as notícias se distanciaram do jornalismo convencional, sendo agora moldadas por lógicas e dinâmicas específicas das plataformas digitais.

Além disso, as plataformas digitais moldam a forma como os utilizadores partilham informações e expressam pontos de vista, e estas atividades começam a desempenhar um papel na produção e disseminação de conteúdos. Nesse contexto, surgem debates relacionados à liberdade de expressão e à moderação de conteúdos.
A tensão entre plataformas proprietárias e não proprietárias foi destacada, sendo as primeiras infraestruturas algorítmicas que exercem poder através plataformas, provocando trade-offs. Os canais de distribuição, normalizados e adaptados para aumentar o alcance e o envolvimento, exemplificam como estas dinâmicas são apropriadas e adotadas pelos media, mas também como podem limitar a autonomia editorial. “A necessidade de contrabalançar o poder das plataformas torna-se central para preservar a independência e a integridade do jornalismo”.
Oscar Westlund confere que o jornalismo de notícias, que tradicionalmente envolve processos de verificação antes da publicação, enfrenta desafios epistemológicos específicos em plataformas não proprietárias, como a personalização versus a reutilização de conteúdos, a perda de controlo sobre o conteúdo editorial e a sua distribuição.
A perda de receitas publicitárias levou os publishers a focarem-se mais nas receitas dos leitores por meio de plataformas proprietárias. No entanto, a busca por inovação frequentemente depende da colaboração com empresas terceiras, incluindo plataformas, dados e as emergentes ferramentas de inteligência artificial.
Mariana Carvalheiras – 2º ano da Licenciatura em Ciências da Comunicação

